quarta-feira, 26 de julho de 2017

XXXI Turma do Curso Teórico Prático Intensivo sobre Zumbido

Caros amigos otorrinos e fonos:

Convidamos você para o XXXI Turma do CURSO TEÓRICO-PRÁTICO INTENSIVO DE ZUMBIDO realizado integralmente no Instituto Ganz Sanchez no dia 21/10/2017.

Resumo: Sempre inovando; este é nosso jeito! Usando a conhecida didática e capacidade de síntese para compartilhar ideias, abordaremos tudo que é relevante para o atendimento de pacientes com zumbido em consultório. Diferente de outros cursos previamente ministrados pela Dra Tanit, este evento terá a participação prática e ativa da plateia em todas as aulas. Para melhor aproveitamento do conteúdo prático, este curso é aplicado a pequenas turmas (30 vagas por curso), de modo informal e com tempo para troca de experiências entre os participantes. Por ser um trabalho de equipe, sugerimos a participação de duplas de otorrinos+fonos para aumentar a probabilidade de implantação do aprendizado nos consultórios.

Organização:  Profa Dra. Tanit Ganz Sanchez (Otorrinolaringologista Livre-Docente pela FMUSP, Diretora-Presidente do Instituto Ganz Sanchez.

Gerência Financeira e Administrativa: Luzia Feitoza e Isabel Gomes

Público alvo: Otorrinolaringologistas e fonoaudiólogos

Data:   Sábado, 21/10/17, das 8h às 18h

Local:   Av. Padre Pereira de Andrade, 353. Bairro: Alto de Pinheiros, São Paulo – SP.
              Ponto de referência: entrada pequena do Parque Villa Lobos

Contato: (11) 3021-5251 ou contato@institutoganzsanchez.com.br

Inscrições: R$ 494,00 (acesso às aulas, coffee-breaks, almoço e certificado). 

Forma de Pagamento:
- Boleto Bancário: favor solicitá-lo através de Telefone: (11) 3021-5251  ou E-mail: contato@institutoganzsanchez.com.br


  
Programa do curso:
Horário
Atividade
08:00h - 08:15h
Recepção dos participantes
08:15h - 08:45h
Apresentação (técnica do palito de fósforo) e discussão de expectativas
08:45h - 10:00h
Bloco 1 – Protocolo de anamnese dirigida com raciocínio lógico: como e por que?
(com demonstração prática)

ü  O que é necessário para todos os casos?
ü  O que é necessário para alguns casos?
ü  O que é necessário para os casos “diferentes”?
10:00h - 10:15h
Discussão
10:15h - 10:30h
Coffee Break
10:30h - 11:45h
Bloco 2 Protocolo de exames complementares e hipóteses diagnósticas comuns: quando, como e por que? (com demonstração prática)
ü  audiometria convencional e a de altas frequências
ü  acufenometria e o limiar mínimo de mascaramento
ü  limiar de desconforto a sons
ü  exames laboratoriais
ü  emissões otoacústicas, BERA e exames de imagem
11:45h - 12:00h
Discussão
12:00h - 13:30h
Almoço no Instituto Ganz Sanchez (www.institutoganzsanchez.com.br)
13:30h - 16:30h
Bloco 3 Protocolo de tratamento aplicado a subgrupos: quais, quando, como e por quê?
ü  “Plano A” e “Plano B”
ü  Aconselhamento otimizado (com demonstração prática)
ü  Medicamentos de A a Z
ü  Mascaramento e/ou habituação?
ü  Antecipando o futuro
16:30h - 16:45h
Coffee Break
16:45h - 17:45h
Bloco 4 Apresentação de casos reais com tratamentos distintos
17:45h - 18:00h
Discussão e encerramento
Aguardamos você! Sua participação certamente fará este curso mais interessante!

Prof. Dra. Tanit Ganz Sanchez

"Epidemia” de zumbido no século XXI: preparando nossos filhos e netos



Há 20 anos, digitar a palavra “tinnitus” no Pubmed fornecia 150 referências (1994). Já em 2012, esse número aumentou para 641, mostrando um crescimento maior que 400% nas publicações científicas. Este é um parâmetro nítido do aumento de interesse sobre o assunto, seja por parte de pesquisadores, universidades, indústrias farmacêuticas e empresas de tecnologia auditiva.
Uma possível justificativa para tal interesse está nas evidências científicas sobre o aumento progressivo de zumbido na população. Afinal, essa prevalência já subiu de 15% (National Institute of Health, 1995) para 25,3% (Shargorodsky, 2010) em apenas 15 anos, tornando-o um problema mais frequente do que a asma, surdez, cegueira ou Alzheimer. E isso já se reflete visivelmente nos consultórios de otorrinolaringologistas de todo o Brasil, haja vista a recente busca por mais informação em cursos e congressos.

Já está comprovado que alterações cocleares, mesmo que mínimas, podem originar zumbido (Hesse et al., 2005; Noreña e Chery-Croze, 2007). Além disso, estudos em adultos normouvintes já demonstraram que a presença do zumbido geralmente se associa a alterações nas emissões otoacústicas (Nieschalk et. al., 1998; Sanchez et. al., 2005; Sanches, 2008; Thabet, 2009). Na prática, quando um adulto tem zumbido, cerca de 90% das vezes já existe alteração de limiar tonal em pelo menos uma frequência sonora na audiometria. Entretanto, em jovens a situação é diferente: eles costumam perceber zumbido antes de notarem qualquer perda auditiva. Portanto, a presença do zumbido sugere fortemente que ele seja um sinal de alerta precoce para futuros problemas e isso deveria acelerar a busca pelo diagnóstico precoce, seja ela feita por otorrinolaringologistas, clínicos, geriatras, pediatras ou hebiatras.

Em 2007, publicamos uma pesquisa como parceria entre as Universidades de São Paulo e de Iowa, que estudou 506 crianças de 5 a 12 anos (Coelho, Sanchez, Tyler, 2007). Dentre elas, 37,7% deles tinham zumbido e 19% se incomodavam com ele. Estes dados surpreendentes nos motivaram a pesquisar o problema em adolescentes, considerando que eles gostam ainda mais das situações atuais de lazer ruidoso. Assim, convidamos 170 adolescentes do Colégio Santa Cruz, uma renomada escola paulistana, para se submeterem a diversos procedimentos, após autorização dos pais, dentro do ambiente escolar. A escolha de uma escola privada foi baseada na hipótese de que seus alunos, pertencentes a famílias de classe média ou alta, teriam liberdade financeira para escolher os hábitos de lazer, o que nos permitiria observar melhor as opções escolhidas por eles.

Inicialmente, os alunos responderam um questionário para avaliar sua autopercepção de sintomas (zumbido, perda auditiva e hipersensibilidade a sons) e a exposição a potenciais fatores de risco (fones de ouvido, baladas/shows e celulares). A seguir, duas otorrinolaringologistas realizaram o exame físico e removeram cerúmen nos casos necessários, garantindo boas condições para a realização dos exames. Posteriormente, duas fonoaudiólogas realizaram, em cabina acústica, a audiometria tonal de 250 a 16000Hz, limiar de desconforto a sons (LDL), emissões otoacústicas e acufenometria (apenas nos casos em que o zumbido estava presente no momento).

Essa pesquisa, realizada com apoio da FAPESP, foi inédita porque o zumbido foi avaliado por dois métodos complementares: o questionário - que toda pesquisa faz - e a acufenometria, usada como critério de rigor para a confirmação da presença do zumbido.

No questionário dos 170 alunos, 93 (54,7%) responderam que têm ou já tiveram zumbido nos últimos 12 meses. Dentre eles, 51,1% o associaram à saída de ambientes com música alta.   Quanto à acufenometria, 49 alunos (28,8% dos 170 avaliados ou 52,6% dos 93 que relataram zumbido pelo questionário) também conseguiram medir a frequência sonora e a sensação de intensidade do zumbido dentro da cabina acústica, de modo reprodutível.  

Independente se considerarmos a resposta do questionário (54,7%) - metodologia semelhante às demais pesquisas - ou a da acufenometria (28,8%), já evidenciamos que a prevalência de zumbido entre adolescentes é maior do que a de outras faixas etárias, como visto anteriormente. Ainda mais interessante foi o fato do zumbido provocar pouco incômodo (média da escala numérica de 0 a 10 = 3,58) nos adolescentes, fazendo com que eles não contassem aos pais nem procurassem ajuda médica. Pensando em termos de “epidemia”, esse parece um terreno fértil para uma “proliferação” do problema, já que esses fatores atrasam o início do tratamento e contribuem para que o zumbido se torne cada vez mais crônico.

Esta geração de jovens tem potencial para viver até os 100 anos. É possível e provável que esses ouvidos com zumbido sejam mais sensíveis a lesões no futuro, por isso devem ser avaliados com mais frequência e mais cuidado, pois poderão ter perda auditiva mais precoce do que outras gerações.

Há 20 anos, era quase unanimidade que o atendimento a um paciente com zumbido evocasse automaticamente no otorrinolaringologista um pensamento parecido com “não há nada que possa ser feito” ou “você precisa aprender a conviver com isso”. Entretanto, a investigação etiológica do zumbido e a definição da conduta terapêutica são atos próprios do otorrinolaringologista, embora o trabalho de equipe interdisciplinar seja uma ferramenta muito valiosa, em especial nos casos difíceis.

Por isso, para os interessados em ter um novo olhar sobre um problema antigo, já temos à disposição:

- um protocolo bem definido de investigação médica e audiológica para determinar as principais etiologias do zumbido e auxiliar na diferenciação dos subgrupos, auxiliando no atendimento do dia a dia;
- um protocolo de “handicap” validado e traduzido para o português, auxiliando como instrumento para pesquisas científicas;
- médicos ou centros com atendimento especializado, às vezes até bastante interdisciplinar, em nível de SUS, convênios e particulares, em várias cidades;
- cursos, painéis, mesas redondas ou plenárias sobre zumbido em todos os grandes congressos de otorrinolaringologia no Brasil, via de regra com salas cheias;
- eventos internacionais de zumbido: o International Tinnitus Seminar, existente desde 1981 e ocorrendo a cada 3 anos; o Tinnitus Research Initiative, existente desde 2006 e ocorrendo anualmente.

Assim, com o conhecimento científico crescente e condições melhores de atendimento, cabe aqui uma reflexão: a frase “zumbido não tem cura” por enquanto é verdadeira no sentido literal da palvara cura. Entretanto, por algum motivo, ela é frequentemente associada a “não ter nada para fazer”, o que não é coerente com as várias opções de tratamento publicadas, com eficácias distintas que provavelmente serão maiores, quando forem aplicadas especificamente a subgrupos de pacientes com zumbido.

Curar-se envolve, via de regra, percorrer um caminho que proporciona 100% de melhora na linha de chegada. Muitas doenças não têm cura definitiva, mas é rotina que os médicos invistam esforços pessoais para amenizar e controlar pacientes com rinite alérgica, polipose nasal, asma, hipertensão, diabetes, etc. Percorrer o caminho do tratamento do zumbido e poder obter melhora parcial, seja de 20%, 50% ou 80%, como se consegue com outros sintomas da Medicina, já poderia ser um fato mais aceito pelos otorrinolaringologistas.

Muitos mistérios ainda precisam ser desvendados e muita coisa ainda precisa ser feita para que o otorrino “abrace” o zumbido com mais naturalidade, assim como se faz com as amigdalites, nódulos de pregas vocais, desvios de septo e perfurações timpânicas.

Os vários fatores que justificam esse aumento sensível de prevalência do zumbido - maior exposição a ruído, a ondas eletromagnéticas, a erros alimentares e a estresses diários - vão continuar presentes em nossas vidas por muitos anos. Então, fica lógico entender porque até crianças e adolescentes começaram a apresentar esse problema. Infelizmente, é provável que nossas próximas gerações de filhos e netos tenham maior probabilidade de precisar de nossa ajuda para diagnóstico, tratamento ou prevenção, o que seria um motivo pessoal a mais para o zumbido entrar de vez na pauta do otorrinolaringologista.


segunda-feira, 10 de julho de 2017

Pesquisa sobre Cura do Zumbido: vamos entender?

Hoje proponho um “brainstorm” coletivo com essa leitura. A Ciência reforça que pesquisas confiáveis sobre tratamento devem seguir um método rígido chamado Ensaio Clínico Randomizado (ECR) para diminuir a chance de erros na interpretação dos resultados. Por exemplo, não basta dar um medicamento para 100 pessoas e ver se ele funciona ou não... é necessário dividir as 100 pessoas em 2 grupos, por sorteio, de modo que metade vai tomar o tal medicamento e metade toma placebo (substância que não faz efeito). Além disso, nem o médico nem o paciente devem saber o que cada um está tomando (apenas uma terceira pessoa sabe de tudo).

Admiro este método rigoroso, mas tenho minhas frustrações com ele. Como o zumbido é cheio de variáveis, parece improvável que um ECR realmente mostre o caminho para a cura. Assim, me atrevi a criar uma pesquisa alternativa e simples: encontrar ex-sofredores de zumbido que se consideram CURADOS, ou seja, fazer o contrário dos outros – aprender com quem JÁ SE CUROU!
 
Incluímos pessoas que tiveram zumbido diariamente por pelo menos 3 meses (de qualquer causa) e já estavam curados há pelo menos 6 meses. EXCLUÍMOS pessoas que não se incomodam com o zumbido, mas ainda o percebem em baixo volume.
 
Já entrevistamos os primeiros 50 pacientes. Aqui vai o resumo dos resultados:
- a idade deles variou de 14 a 89 anos de idade (média de 53,78 anos). Por algum motivo, 72% eram mulheres (não sei explicar, mas adorei essa parte!). A duração do zumbido variou de 3 meses a 40 anos (média de 5,83 anos, ou seja bem crônico!). Você pode imaginar alguém com zumbido por 40 anos e depois se cura? Nenhum pesquisador acreditaria nisso!

- o incômodo que o zumbido causava era tão importante como o de qualquer pessoa. Na escala de 0 a 10 de incômodo, 80% davam nota de 7 a 10 para o zumbido. Vários tinham alterações no sono, na concentração, no equilíbrio emocional ou na vida social.

- 58% tinham zumbido do tipo tom puro (apito, cigarra, grilo etc) e sempre havia outros sintomas junto, sejam eles do próprio sistema auditivo (perda auditiva, ouvido tampado, intolerância a sons ou tontura), ou do sistema somatossensorial (dor de cabeça, no pescoço ou na articulação temporomandibular) ou do sistema digestivo (jejum prolongado, abuso de doces ou cafeína).

- 52% tinham audiometria normal nas frequências de 250 a 8000Hz.
Agora pasmem... o período que essas pessoas já estão curadas variou de 6 meses a 37 anos, com média de quase 10 anos! Além disso, 60% fizeram apenas uma ou duas tentativas de tratamento, o que sugere que existe um subtipo de zumbido que é FÁCIL de curar. Isso é exatamente o que precisamos descobrir: qual é a chave que “abre a porta” do sucesso.

Os tratamentos que os próprios pacientes acharam responsáveis pela cura foram: medicação (42%), técnicas de terapias manuais ((10%) e aparelhos auditivos convencionais (sem gerador de som – 6%). Um número menor de pessoas atribuiu a cura à espiritualidade, ao poder da mente, à placa oclusal, ao aconselhamento,  à dieta, à mudança da cidade para o campo etc.

Agora vem o brainstorm: esses casos se curaram com tratamentos que falharam em pesquisas do tipo ECR (expliquei lá em cima, lembra?). Por isso, acho que a Ciência precisa urgentemente REPENSAR a maneira de planejar e interpretar o ECR, evitando menosprezar tratamentos que não superam o placebo quando aplicados para zumbido em geral. É mais lógico entender que misturar um grupo de pessoas com zumbido pode ser uma falha grave nas pesquisas, por isso, um tratamento que “falha” poderia funcionar melhor se fosse direcionado para subgrupos específicos de zumbido. Esse, SIM, me parece ser o segredo do sucesso!

Depois de entrevistar esses pacientes, naturalmente passei a acreditar ainda mais na cura do zumbido. Curar-se é como alcançar a linha de chegada, ou seja, percorrer 100% da jornada: não é num único pulo, mas aos poucos!

CONCLUSÃO: o estudo dos primeiros 50 pacientes que se curaram evidenciou que a cura do zumbido pode ser obtida por meio de diferentes estratégias e por um período de tempo longo e estável. Pertencer ao sexo feminino e ter um zumbido do tipo tom puro com audiometria normal podem ser fatos relevantes, mas não necessários para a cura.

Este trabalho foi apresentado como convite para a Sessão Presidencial do XII International Tinnitus Seminar e I World Congress of Tinnitus, que foi realizado de 22 a 24 de maio de 2017 em Varsóvia, Polônia.


Se você conhecer alguém que tinha zumbido e não tem mais, escreva para contato@institutoganzsanchez.com.br. Obrigada!

quarta-feira, 5 de julho de 2017

Zumbido no Ouvido e Gravidez

Você que é mamãe já teve ou já ouviu alguma amiga comentar sobre o tal zumbido no ouvido durante a gravidez?
Pois bem, a gente sabe que as alterações hormonais no corpo da mulher grávida, causam mudanças visíveis e bem conhecidas, né?
Mas, um sintoma não tão conhecido assim é o tal zumbido no ouvido, uma percepção de sons que outras pessoas não percebem, como apitos, chiados, entre outros.
É necessário prestar atenção, porque o zumbido pode aparecer nas situações de anemia, que é mais comum durante o segundo trimestre da gestação, ou de hipertensão arterial, que é mais comum no terceiro trimestre.
Também existem causas hereditárias da doença e perda auditiva que começam nessa época, ou podem piorar, caso tenham começado antes da gravidez. Chato isso, né?
“Um exemplo mais conhecido é a otosclerose, uma doença óssea que envolve o estribo, um dos menores ossos do corpo. Por isso, em todas essas situações, sugere-se que a gestante procure por um otorrinolaringologista especializado para identificar o real problema.”alerta a médica

ZUMBIDO NO BRASIL

Olha só, o Instituto Ganz Sanchez estima que só no Brasil há de 34 a 48 milhões. Tanto que um estudo feito com 170 jovens de 11 a 17 anos revelou que 92 dos entrevistados, ou seja, (54,7%) apresentaram zumbido nos ouvidos por causa da exposição ao som alto, viu?
E por fim, 51% dos jovens afetados tiveram o problema depois de usar fone de ouvido por muito tempo.