Quem acompanhou o "barulho" que a Claudia Leitte conseguiu provocar no ensaio da bateria da Mocidade Independente de Padre Miguel mês passado? Justo porque ela pensou em "silenciar" um pouco do alto volume do som que chega aos ouvidos dela com protetores de ouvido personalizados para ela... Imaginem só, ser vaiada por fazer a coisa certa.
O que vocês acham disso? Confesso que senti uma mistura de raiva (de
quem vaiou) com pena (de quem foi vaiado; poderia ter sido qualquer um) e com
frustração (por ver taaanto desconhecimento sobre a fragilidade dos ouvidos
perante o som de uma bateria). Sempre que sinto coisas ruins como essas, me
obrigo a mudar de sintonia: respiro fundo, me acalmo e tento pensar com a
cabeça (mais) aberta para tentar entender o outro lado das coisas.
Frutos dessa reflexão:
1. A Claudia Leitte, como qualquer cantora que se preze, sabe que
depende dos ouvidos e da voz para fazer e manter uma carreira de sucesso. ELA
FEZ CERTO, mas foi v-a-i-a-d-a!!!!
2. Tudo que eu queria era que alguém famoso mostrasse em público que
se importa com a saúde auditiva, para que os imitadores fizessem o mesmo.
Pensei até numa cena de novela em que uma turma fosse para a balada, cada um usando
um protetor de ouvido de cor diferente! Isso ia ajudar muita gente a entender
que é NECESSÁRIO proteger os ouvidos! Quase pulei de alegria ao ver a foto da
Claudia Leitte com protetor de ouvidos em plena Sapucaí, pois todos os anos nós
atendemos pessoas que
amargam um zumbido e uma perda auditiva permanente depois dos exageros do
Carnaval e se arrependem profundamente. ELA FEZ CERTO, mas foi v-a-i-a-d-a!!!!
3. tem
gente que comentou na entrevista "Isso é coisa de principiante, de alguém
que acabou de entrar para o samba. Como ela vai interagir com a bateria
assim?" Principiante ou não, ELA FEZ CERTO, mas foi v-a-i-a-d-a!!!!
4.
teve quem falou: “É uma questão de costume. Eu acho indelicado com a bateria.”
Eu jamais pensaria em indelicadeza, mas foi ótimo saber que alguém pode pensar
dessa maneira. Quem sabe isso pode ajudar nas campanhas de divulgação do
assunto? De qualquer jeito, ELA FEZ CERTO, mas foi v-a-i-a-d-a!!!!
5. Senti uma certa maldade nesse comentário que veio a
público: “Ela não quer ouvir o coração da escola? Se ela não pode ouvir a
bateria, passa a bola. É a maior emoção escutar aquele som. Aí vou tampar? Nem
pensar”. Acho que ser eleita Rainha da Bateria deve ser uma emoção e tanto para
quem ganha, deixando muuuuita gente com inveja. Por mim, ELA FEZ CERTO, mas foi
v-a-i-a-d-a!!!!
6. O comentário mais precioso para mim foi esse: “Não temos
esse hábito aqui. Depois dos ensaios, parece que a bateria ainda está no nosso
ouvido. Mas a gente se acostuma e, quando chega em casa, já passou o efeito.”.
Puxa, se as pessoas soubessem que os ouvidos que ficam com esse zumbido
temporário são aqueles que já são vulneráveis, entenderia melhor que o risco de
continuar se expondo ao som da bateria (ou de outros) é maior do que o de
outras pessoas.
7. A pérola final da entrevista ficou
por conta da frase: A escola informou que, por ser intérprete, ela não pode ter
a audição prejudicada. O motivo não convenceu o público. “Quando ela decidiu
ser rainha não imaginou que o barulho fosse ser alto?” Ai,ai,ai... o que será
que tem poder para convencer o público além das inúmeras informações de
pesquisas científicas ancestrais e até de várias coisas leigas que estão na
internet para serem vistas por todos? Para quem não acredita na inteligência da
PREVENÇÃO, acho que só mesmo a dolorida experiência de uma lesão auditiva no
próprio ouvido para as pessoas acreditarem.
Por isso, digo sem medo de ser vaiada:
CLAUDIA LEITTE, VOCÊ ESTÁ MUITO CERTA, VIU? VIREI SUA FÃ!!!
Profa Dra Tanit Ganz Sanchez
Presidente da Associação de Pesquisa
Interdisciplinar e Divulgação do Zumbido