domingo, 29 de junho de 2014

Copa do Mundo, zumbido e perda de audição


Vuvuzelas, cornetas, apitos e toda a parafernália “verde e amarelo”, além dos gritos (de alegria ou desespero) e até escolas de samba (ui, fora de época!) que estão fazendo parte da nossa Copa podem prejudicar, E MUITO, nossa audição.

Nos estádios e bares esses sons têm o mesmo volume, mas nos locais menores e mais fechados, os sons reverberam nas paredes e voltam para os ouvidos mais vezes, aumentando o desconforto e o potencial de lesão nos ouvidos. Lembramos que, para qualquer lesão auditiva por ruído, precisamos considerar TRÊS fatores:

1. O volume do ruído - definitivamente os sons da Copa estão altos demais! 

2. O tempo de permanência nesse ruído - o jogo tem uma hora e meia, mas a preparação também é barulhenta, assim como o intervalo e a comemoração pós jogo. Isso aumenta a exposição para um mínimo de 3-4 horas consecutivas com volume alto. Quanto maior o tempo de exposição, maior o risco de lesão.

3. A fragilidade/vulnerabilidade de cada ouvido aos mesmos ruídos - quem é mais sensível, tende a sair desses locais com zumbido ou ouvido tampado. Quem acha que isso é "normal" porque desaparece após algumas horas, engana-se! O zumbido é um dos primeiros sinais de fragilidade do ouvido a sons, ou seja, quanto mais se expõe, maior a chance de lesar definitivamente.

Proteja-se

A primeira e mais importante forma de proteção é utilizar protetor auricular, isso não significa colocar algodão no ouvido, NÃO adianta nada!! Pode ficar tranquilo que você vai continuar ouvindo todos os lances normalmente. Descanse os ouvidos por 10 minutos a cada 1 hora. Procure um lugar tranquilo, dê uma respirada e volte para torcida.

E se o zumbido permanecer?

Se a pessoa sair do estádio, do bar ou da festa com zumbido no ouvido que não desapareceu até o dia seguinte, isso configura um TRAUMA ACÚSTICO e precisa ser tratado o quanto antes, de preferência até 48 horas, com medicamentos. Por isso, procurar o otorrinolaringologista de confiança precocemente é FUNDAMENTAL ao perceber os problemas.

Comparação

O último jogo do Brasil, contra Camarões, foi "monitorado" do ponto de vista sonoro no espaço da Fun Fest. Como é um ambiente aberto, estima-se que as medidas obtidas estejam próximas às de um estádio.

A escala de barulho na Fun Fest de 23-06-14:

Gols do Brasil: 110 dB a 115 dB
Corneta vendida nos arredores: 106 dB
Entrada de Hulk em campo: 104 dB
Batuque em bar ao lado da Fan Fest: 104 dB
Torcedores cantando “Sou brasileiro”: 100 dB
Torcedores cantando “O campeão voltou”: 98 dB
Reação ao gol de Camarões: 96 dB
Torcedores batendo palmas: 90 dB
Durante o jogo:  85 dB a 90 dB
Antes do início do jogo: 75 dB a 80 dB

Para comparar:

Turbina de avião a jato: 140 dB
Show de rock: 105 dB a 120 dB
Avião (com motor não a jato): 115 dB
Serra elétrica: 110 dB
Furadeira: 100 dB
Rua com tráfego intenso: 85 a 90 dB
Aspirador de pó: 85 dB
Professor dando aula: 70 dB
Conversa em volume normal: 60 dB

Falar sussurrando: 20 dB 

Fonte: Faculdade de Engenharia da Unesp

quinta-feira, 19 de junho de 2014

Fone de ouvido ideal: isso existe ou é coisa surreal?

Pela lei 11.291, os fabricantes de equipamentos portáteis sonoros individuais são obrigados a informar seus clientes de que volumes acima de 85 dB podem lesar o sistema auditivo. Como saber se estamos extrapolando no uso dos nossos fones de ouvido?
Apesar de ser uma invenção maravilhosa, o uso do fone de ouvido de maneira abusiva pode prejudicar a saúde, em especial a dos ouvidos. Tudo por causa do excesso de volume, excesso de tempo com o aparelho, vulnerabilidade individual de cada pessoa ou todos os fatores juntos!
Sempre falamos sobre as principais maneiras de prevenção, mas não custa repetir: não ultrapasse a metade da potência de cada aparelho (volume) e nem fique com o fone por mais de duas horas seguidas. Com esses dois fatores sob controle, resta apenas a vulnerabilidade individual de cada um, que é muito difícil de conhecer e controlar. 

Quais problemas o mau uso do fone de ouvido pode causar?
1.    Aos ouvidos: 
Perda de audição: é a lesão mais conhecida e temida, porém ela demora para acontecer e as pessoas dificilmente acreditam que vai acontecer com elas.
Zumbido: é um barulho no ouvido (chiado ou apito) que pode ser melhor percebido em momentos de silêncio, como antes de dormir. É um sintoma de lesão inicial, portanto aparece mais precocemente do que a perda auditiva. Em geral, o zumbido é o sinal de alerta que a lesão já começou, mas que ainda pode ser revertida se novos cuidados forem tomados. Portanto, esse é o momento ideal de procurar ajuda médica, ANTES de perceber alguma perda auditiva.
Hipersensibilidade auditiva ou intolerância a sons: as pessoas começam, progressivamente, a se irritar com sons do dia-a-dia que antes não incomodavam. Exemplo: vozes, TV, música, eletrodomésticos, etc. Também pode aparecer antes da perda auditiva, com ou sem zumbido, mas é o sintoma menos comum de todos.
2.    Ao sono:
O principal é a insônia inicial ou medial (dificuldade para começar a dormir ou para manter o sono).
3.    Outros danos:
Diminuição da concentração, agitação, nervosismo e até aumento da pressão arterial!!!
Existe um fone de ouvido ideal?
Sim. Recentemente dei uma entrevista para a VEJA e gostei muito porque ela juntou minha opinião médica com uma pesquisa sobre a segurança de cada tecnologia.
Há 4 tipos de fones principais, criados por motivos diferentes. Qualquer tipo pode prejudicar a saúde auditiva se for usado em abuso (de volume ou de tempo), principalmente nas pessoas mais vulneráveis. Ou seja, usar um determinado modelo de fone não necessariamente isenta do risco de problemas. O grande diferencial para a saúde é o fone que tem abafador de ruído externo: ele anula parte dos sons do ambiente e permite que o volume dos fones não seja tão alto nem lesivo para os ouvidos. 
O mais indicado é o HEADPHONE (mais conhecido como modelo concha): ele envolve a orelha toda. É mais recomendado porque não agride tanto os ouvidos, permite melhor isolamento acústico, evidencia a percepção de graves e agudos e permite ouvir música com grande fidelidade em volume mais baixo.
O design já veda parte do ruído ambiente, mas certos modelos de headphone ainda têm o “noise cancelling”, que é a maior vantagem de um fone de ouvido: por meio de um microfone, ele capta a frequência do som externo e emite outra, invertida, de mesma intensidade, para que um som anule o outro.
É ideal para usar em locais barulhentos, como a rua ou o transporte público, pois isola parte dos ruídos externos.

Portando você pode sim, usar fones e apreciar suas músicas favoritas... com moderação e adequação, a gente aprova!!!

terça-feira, 17 de junho de 2014

Os ouvidos dos adolescentes: “massacrados” desde cedo pelas opções de lazer

Você conhece alguém que fica numa balada por mais de 3 horas seguidas, ouvindo sons que ultrapassam 100 decibéis? Alguém que adora ir a shows e ainda fica perto das caixas de som? Que ouve música com fone de ouvido num volume tão alto que os outros também conseguem ouvi-la?
Os hábitos modernos de lazer em ambientes barulhentos induziram um início mais precoce de problemas de ouvido, que muitas vezes são cumulativos e irreversíveis. Todo mundo já ouviu falar de perda auditiva ou até intuitivamente, sabe que excesso de barulho pode provocar perda auditiva com o tempo. O que poucos conhecem é o zumbido, o sintoma que chega antes e, por isso, serve de sinal de alerta da fragilidade do ouvido!
O zumbido é um som que as pessoas escutam no ouvido ou na cabeça, especialmente no silêncio. Pode parecer apito, chiado, cachoeira, cigarra, etc. Algumas pessoas só o ouvem se prestarem atenção; outras o percebem o dia todo. Ele já atinge 28 milhões de brasileiros de todas as idades. Se você nunca teve zumbido, faça uma simulação com vários exemplos que podem ser encontrados no http://www.institutoganzsanchez.com.br/sonszumbido.html. Imaginem esses sons presentes todos os dias, todos os minutos nos seus ouvidos. Tem gente que não aguenta e fica com insônia, além de dificuldade de se concentrar nos estudos ou no trabalho. Daí vem uma série de outros prejuízos, como irritabilidade, baixo rendimento escolar ou profissional, ansiedade e até depressão.

Pesquisa
Em 2007, publicamos uma pesquisa que estudou 506 crianças de 5 a 12 anos. Surpreendentemente percebemos que 37,7% deles tinham zumbido no ouvido e 19% se incomodavam com ele. Estes dados alarmantes nos motivaram a pesquisar o problema em adolescentes, considerando que gostam ainda mais das situações de lazer ruidoso de hoje em dia. 
Essa pesquisa foi bastante inédita no Brasil por dois motivos: primeiro por ter recebido o apoio do governo, através da FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo); segundo porque o zumbido desses adolescentes foi avaliado por dois métodos complementares: o questionário específico - que toda pesquisa faz - e pela medida do zumbido dentro da cabine acústica (acufenometria), ao invés de usar a audiometria isoladamente.
Para nossa surpresa, dos 170 alunos avaliados, 93 (54,7%) responderam que têm ou já tiveram zumbido nos últimos 12 meses. Deste número, 51,1% o associaram à saída de ambientes com música alta. Com esses dados, comprovamos que a prevalência de zumbido entre adolescentes é bem maior do que a população geral de vários países, onde pesquisas apontam para taxas entre 15 e 24%. Ainda mais interessante foi o fato que, apesar de tudo, o zumbido não incomoda a maioria dos adolescentes, fazendo com que eles não contem aos pais nem procurem ajuda médica. Isso se torna preocupante, afinal, quanto mais demorar o início de tratamento, mais agravará o problema.
Esses adolescentes estão mais sensíveis a lesões no futuro, por isso devem ser avaliados com mais frequência e mais cuidado. Por isso, precisam ser alertados que o ouvido não se regenera depois de traumas acústicos, gerando um inevitável grau de surdez. Essa situação preocupante merece múltiplas ações específicas ou campanhas de conscientização, incluindo os pais em casa e os educadores nas escolas, além dos próprios jovens.  Minimizar os problemas futuros depende de uma contínua educação sobre o risco de exposição a barulhos muito altos, mesmo que sejam em situações prazerosas.
Confira algumas dicas para proteger os ouvidos dos ruídos externos:
1.    Quando for a festas, shows ou bares ruidosos, não tenha vergonha de usar protetores de ouvido e faça intervalos periódicos (a cada 1 hora, saia 5 a 10 minutos). Com fones de ouvido, evite ultrapassar a metade da potência do seu aparelho ou usar mais que 2 horas seguidas. Isso faz MUITA diferença para a segurança dos seus ouvidos!
2. Alimente-se bem, de 4 a 6 vezes por dia, sem “pular refeição”. Evite excesso de cafeína, doces, álcool e nicotina.
3. Diminua o tempo de contato do celular com o ouvido, use mais o viva-voz ou fone e troque algumas ligações por mensagem de texto.
4. Estimule seus ouvidos com baixo volume de música suave ou outros sons agradáveis.
5. Evite automedicação, pois certos medicamentos podem causar zumbido.
6. Incorpore mais atividades de prazer na sua vida: atividade física, passeios, relacionamentos saudáveis, cinema etc. Momentos de felicidade ajudam a restaurar nossos os órgãos, inclusive os ouvidos.
7. Alivie seu estresse com atividades relaxantes, como yoga, meditação, Tai-Chi, Chi-Cong etc.

8. Informe-se! Acesse as palestras gratuitas do Grupo de Apoio Nacional a Pessoas com Zumbido (GANZ) na TV Zumbido www.tvzumbido.com.br

segunda-feira, 16 de junho de 2014

Por que ouvimos zumbidos?


Primeiro, saiba que você não está sozinho! Hoje são mais de 28 milhões de brasileiros que sofrem desse mal L. Segundo a Organização Mundial da Saúde, são 278 milhões no planeta: uma verdadeira multidão!
É impressionante como cada pessoa parece ouvir um zumbido “personalizado”: apito, chiado, cigarra, grilo, panela de pressão, cachoeira, chuva, escape de ar etc. A maioria se adapta bem, mas às vezes, o sono, a concentração e o equilíbrio emocional são altamente afetados. 
Por causa dessa grande heterogeneidade (e olha que nem falamos hoje das centenas de causas!), não faz sentido achar que um único de tratamento vai conseguir melhorar todas as pessoas. Existem, SIM, várias opções personalizadas de tratamento, mas tudo depende do caso, pois nenhuma é “mágica”. De qualquer jeito, mais de 70% dos pacientes já consegue ter melhora parcial do zumbido quando um tipo de tratamento é bem indicado.

Mesmo assim, sempre é bom lembrar que precisamos de uma boa BASE para os ouvidos funcionarem bem. Por isso, valorize os pequenos achados e tente mudar, ao invés de só querer “um remedinho”. Mudanças de hábitos podem ser uma ótima solução, mas elas exigem esforços que nem sempre as pessoas estão a fim de fazer. Confira logo a baixo:


COLESTEROL 
A gordura obstrui as artérias, entre elas a auditiva, impedindo também a chegada do oxigênio que ativa os nervos do ouvido interno. 

CIGARRO 
Substâncias químicas do cigarro dificultam a oxigenação no organismo, e a falta de oxigênio no ouvido causa falhas de audição e ruídos. 

MÚSICA ALTA 
O excesso de volume pode danificar o tímpano, prejudicando o envio de ondas sonoras para o cérebro.

AÇÚCAR 
O excesso de insulina pode prejudicar os estímulos elétricos das vias neurais - o que inclui aquelas que levam informações do ouvido para o cérebro. 

CAFÉ 
Em muita quantidade, este estimulante aumenta o fluxo sanguíneo. Quando o do ouvido acelera muito, pode causar distúrbios auditivos. 

ÁLCOOL 
O álcool faz o cérebro passar a receber informações erradas sobre nossa posição no espaço. Do chão rodando para vertigem e ruídos, bastam alguns goles. 

Fonte Rosa Maria Rodrigues dos Santos, da Faculdade de Medicina da USP; American Physician’s Desk Reference ; Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).